Segurança Aquática: A percepção das crianças durante o período de adaptação na natação.

Por:Ana Cláudia Ribeiro

Disponível em: https://cbce.org.br/evento/conbrace23

Ana Claudia Ribeiro (PPGCEE-UERJ) – GPEEsC
Mariana Oliveira Rabelo de Castro (PPGCEE-UERJ) – GPEEsC
Carla de Oliveira do Nascimento (PPGEF-UFRJ) – GPEEsC
Rayná da Silva Brum Pinto (PPGCEE-UERJ) – GPEEsC
Rômulo Meira Reis (PPGCEE-UERJ) – GPEEsC
Silvio de Cassio Costa Telles (PPGCEE-UERJ) – GPEEsC

INTRODUÇÃO
A natação potencializa o desenvolvimento psicomotor das crianças. Sua prática ocorre em um ambiente atrativo, mas que requer novas habilidades de equilibração e autonomia por parte do iniciante, sendo a segurança essencial (MURRAY, 1980; BURKHARDT; ESCOBAR, 1985). Após a COVID-19, “a mortalidade por afogamento, passou a ser 1ª causa na faixa de 1 a 4 anos, e 2ª causa de 5 a 9 anos” (SZPILMAN e SOBRASA, 2022, p.5). Isso exige que se debruce sobre o tema, a fim de entender os motivos dos acidentes, contribuindo para minimizar esses índices. Assim, o objetivo desta pesquisa foi identificar a percepção das crianças sobre a segurança aquática, durante o período de adaptação na natação.

METODOLOGIA
Este estudo qualitativo foi aprovado pelo Comitê de Ética Hospital Pedro Ernesto, n.53240721.0.0000.5259 e realizado em nove e dez de março de 2022 na escola de natação Golfinho, no Rio de Janeiro. 25 alunos, (4,33 ±0,67) anos, sem autonomia na água, responderam a um questionário pictórico, na primeira semana de aulas.
O questionário foi composto por seis imagens com perguntas dicotômicas e objetivas. Cada aluno, com o pesquisador, ouviu a questão e apontou para a imagem que mais representava sua emoção no momento. Responderam com sim ou não se precisavam de seus pais por perto ao nadar, se gostavam de pular na piscina e das aulas de natação. Foram indagados sobre o que desejavam fazer ao ver a piscina: se queriam entrar logo ou ir embora, se queriam que a aula demorasse muito ou fosse rápida e se preferiam nadar no meio da piscina ou perto da barra de apoio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A motivação das crianças para a natação foi identificada como muito positiva, já que 83% dos entrevistados “queriam nadar logo”, 83% responderam “sim” quando perguntados se gostariam que a aula demorasse muito e 93% afirmaram que ”gostavam muito de nadar”. Isso pode ser justificado pelo caráter lúdico e as boas sensações que a água proporciona aos praticantes (VELASCO, 2013).
Observou-se que 72% das crianças responderam que gostavam de pular na piscina, mesmo sem possuírem as habilidades básicas de flutuação, deslocamento e sustentação corporal na água. Essa falta da noção de risco pode ser associada a uma menor percepção das competências aquáticas necessárias devido a pouca idade das crianças. (HONDT et al., 2021). Quanto à presença dos pais enquanto nadavam, apenas 34% das crianças apontaram que a necessitavam e 66% indicaram a imagem de nadar longe da barra de apoio. Ou seja, as crianças mostraram não ter a percepção dos perigos envolvidos nas brincadeiras nos espaços aquáticos. Isso preocupa, pois entre os riscos e motivações para o afogamento infantil relata-se a ausência de supervisão dos adultos, de grades de proteção nas piscinas, a curiosidade e até o gosto da criança em se divertir na água. (SZPILMAN e SOBRASA, 2022; STALLMAN et al., 2017).
Nesse sentido, pesquisas atualizam o conceito de competência aquática “… como um constructo multifacetado inclusivo e abrangente que fornece a base para o ensino da segurança na água como meio de prevenir o afogamento.” (STALLMAN et al., 2017, p.25).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destaca-se, portanto, a relevância da educação aquática, em seu conceito amplo, para além das competências relativas ao ato de nadar, com informações e novas pesquisas sendo disseminadas entre professores e famílias sobre o uso consciente do ambiente aquático e a avaliação dos riscos envolvidos, visto que as crianças, independente de suas habilidades natatórias, são muito atraídas pela água e demonstram baixa percepção dos perigos em piscinas. Sugerimos ainda, a colocação de barreiras físicas na área das piscinas para a prevenção de afogamentos infantis.

REFERÊNCIAS
BURKHARDT, Roberto; ESCOBAR, Micheli. Natação Para Portadores De Deficiências (1985) Rio de Janeiro: Ao Livro técnico,109p.
D’ HONDT E, et al. Differences between Young Children’s Actual, Self-perceived and Parent-perceived Aquatic Skills. Perceptual and Motor Skills, v.128, n.5, p.1905-1931, outubro 2021.
MURRAY, J. Infaquatics, teaching kids to swim, ED. Leisure press, NY, USA, 1980.
STALLMAN, R.K. et al. “From Swimming Skill to Water Competence: Towards a More Inclusive Drowning Prevention Future,” International Journal of Aquatic Research and Education, v.10, n.2, article 3, 2017. SZPILMAN, D. Afogamento–Boletim epidemiológico no Brasil ano 2022. Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático SOBRASA. Disponível em: https://www.sobrasa.org/afogamento-boletim-epidemiologico-no-brasil-ano-2022-ano-base-de-dados-2020-e-outros/
VELASCO, C. Boas Práticas Psicomotoras. 1ª ed.. São Paulo: Phorte editora, 2013. 215p.

Anais do XXIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e do X Congresso Internacional de Ciências do Esporte. Disponível em: https://cbce.org.br/evento/conbrace23 ISSN: 2175-5930 Ciências do Esporte / Educação Física, Soberania Popular no Brasil e na América Latina: Redirecionando as forças democráticas nas águas do Dragão do Mar 17 a 22 de setembro de 2023 / Fortaleza – Ceará.

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